Aos domingos, uma ou duas vezes por mês, partilho convosco o que tem estado nos separadores do meu computador, no meu Spotify ou Youtube, na minha mesa de cabeceira e, sobretudo, na minha cabeça.
Olá, olá!
Como estão hoje? Aqui estou eu com a primeira edição de domingo da Yellow Letter. No Café de Domingo vou sempre fazer uma descarga de coisas boas para partilhar convosco. Envio ao domingo porque acredito que façam uma pausa para beber um café ou um chá, para planear a vossa semana e tenho a esperança que alguma destas sugestões vos seja útil e interessante.
Eu estou feliz por estar de regresso. Ter uma newsletter e, principalmente, escrever com regularidade, ajuda-me a entender melhor o meu lugar no mundo. Permite-me observar com mais intencionalidade, a prestar mais atenção ao mundo e à Beleza e a estar na vida com uma presença mais ativa e não tanto de pessoa que assiste nos bastidores.
Depois de um ano ou mais a sentir-me nos bastidores da minha própria história, estou pronta para a minha entrada em palco. Luzes, câmara, ação!
💡 O que faz da vida uma boa vida? A Universidade de Harvard tem estado a trabalhar num estudo desde 1930 e picos chamado Harvard Longevity Study. Este estudo, que ainda está a acontecer, investiga os fatores que determinam a felicidade. Alguém tem alguma ideia de qual será o principal?
👩🏻💻 12 perguntas sobre a vida. Os bons designers deviam ser salvos na Arca de Noé, juntamente com os pares de cada espécie animal, caso surgisse um (novo?) dilúvio universal. Quando tiverem 5 minutos, naveguem por esta página interativa que nos coloca 12 questões sobre a vida.
📺 Not Dead Yet (série). Disclaimer deve ser feito: sou muito fã da atriz Gina Rodriguez, que alcançou fama e respeito mundial com a série Jane The Virgin. Há nela um misto de neurótica, vulnerável e realmente engraçada ao qual não consigo resistir. A série Not Dead Yet é uma comédia (será que ainda existe esse género: apenas comédia?) que conta a história de Nell Serrano, uma jornalista de 30 e tal anos que tem de começar tudo de novo quando a relação com o noivo termina. O único trabalho que encontra é a escrever obituários e, no meio de imensas trapalhices e de um toque de realismo mágico, a protagonista consegue honrar os falecidos e escrever bonitas histórias. No meio deste conceito tolo, a verdade é que a história é envolvente do início ao fim.
🎵 Monologues, álbum da cantora Ogi. Esta cantora americana de origem nigeriana lançou o seu primeiro EP em 2022 e eu descobri-a porque… tenho ouvidos atentos e tenho uma app chamada Soundcloud (melhor que o Shazam, tirem nota) que me permite, em qualquer lugar e em qualquer momento, descobrir qual a música que está a dar. Ora, num dos episódios da série And Just Like That, aquele em que a Carrie se reencontra com o Aidan, a música dos créditos finais deixou-me mais maravilhada do que a cena em si. Fica aqui numa versão ao vivo absolutamente delirante:
A Ogi tem um timbre muito peculiar, uma voz cheia e carismática, e um estilo que mistura o R&B, a pop e o soul. Já há muitos anos que não me entusiasmava tanto com uma voz e foi a banda sonora do meu verão. Quando ela andar por aí a ganhar Grammys, já sabem: ouviram aqui primeiro.
👩🏻💻 Russell Brand e as desculpas que criámos. Uma investigação que começou há quatro anos trouxe à luz os comportamentos agressores do ator Russell Brand. Esta peça interessante explora este tema, os avisos que fomos tendo ao longo dos anos e como nunca fizemos nada. Nunca tive opinião formada sobre o artista, exceto numa questão: Brand escreveu o texto mais bonito que já li sobre a morte de alguém. Gosto especialmente deste parágrafo: Entering the space I saw Amy on stage with Weller and his band; and then the awe. The awe that envelops when witnessing a genius. From her oddly dainty presence that voice, a voice that seemed not to come from her but from somewhere beyond even Billie and Ella, from the font of all greatness.
Mimpi: uma experiência de autenticidade em Bali
Depois de a Elizabeth Gilbert ter escrito o best-seller Comer, Orar, Amar, em que uma mulher recupera o amor pela vida numa viagem por Itália (onde comeu), Índia (onde refletiu) e Bali (onde encontrou o amor), Bali nunca mais foi a mesma. O turismo massificado, os nómadas digitais que ocuparam ruas inteiras, a consequente gentrificação alteraram a experiência de viagem para quem procura o destino mais genuíno e intocado possível.
A Ju Torres, essa mente criativa, empreendedora e deslumbre tropical numa só pessoa, lançou este ano o seu projeto mais recente: Mimpi. Este projeto de travel concierge oferece uma consultoria de autenticidade (palavras minhas), criando um plano de viagem à medida de um viajante exigente que busca uma experiência de viagem única e não de Turismo de Instagram. Ontem a Ju comentava comigo que em Bali é tão fácil entrar num circuito demasiadamente turístico, artificial e plástico e o Mimpi vem combater essa tendência. Podem saber mais aqui.
Leituras de Cabeceira
A minha mesa de cabeceira ostenta sempre uma obscenidade de livros. Em bom rigor, devia deixar de a chamar “mesa de cabeceira” e começar a chamá-la simplesmente de estante com candeeiro. Devem estar lá uns 25 neste momento. Os últimos dois que juntei à pilha infinita foram as duas autobiografias da Rita Lee.
Fui espreitar a nova Fnac da Avenida Roma, que fez os possíveis para manter a essência da defunta Livraria Barata e passei lá uma hora agradável. Para além de boa oferta e uma organização muito diferente das outras FNAC, tem ainda uma belíssima e rica seleção de revistas e jornais internacionais. Trouxe o Financial Times (não pela parte de economia e finanças, mas pelo suplemento Life & Arts, que é brilhante) e a revista Breathe. E como é má educação entrar numa livraria e não trazer livros, achei por bem trazer as autobiografias da Rita Lee. (Se calhar, devia passar a ler a secção de finanças do FT.)
Rita* era cantora, letrista, artista. Mas, acima de tudo, era escritora. Mais escritora do que ela é difícil. Além disso, dança com o colorido do Português do Brasil, o que vai dar palavras como:
“Sei que ainda há quem me veja malucona, doidona, porra-louca, maconheira, droguística, alcoólatra e lisérgica, entre outras virtudes. Confesso que vivi essas e outras tantas, mas não faço a ex-vedete-neo-religiosa, apenas encontrei um barato ainda maior: a mutante virou meditante. Se um belo dia você me encontrar pelo caminho, não me venha cobrar que eu seja o que você imagina que eu deveria continuar sendo. Se o passado me crucifica, o futuro já me dará beijinhos.
Enquanto isso, sigo sendo uma septuagenária bem‑vivida, bem‑experimentada, bem‑amada, careta, feliz e... bonitinha. Lucky, lucky me free again.”
*não consigo pôr artigo. Tem de ser Rita, não A Rita.
Bem-vindas Rafaela e Yellow Letter! Que bom, agora somos "vizinhas" :) (Não podia concordar mais com a ideia dos designers e da Arca de Noé, ahaha)
Aquela das 12 perguntas pôs-me a pensar... muito fixe!